Levantar questionamentos através da literatura de cordel. Autores da área mostram que além da tradição, é preciso interesse da nova geração para dar seqüência aos movimentos populares. “Qualquer pessoa pode fazer um cordel, basta querer”, afirma o experiente cordelista Altair Leal. Segundo ele, em apenas algumas horas de aula, uma pessoa já pode criar sua primeira sextilha (estrofes compostas por seis linhas ritmadas).
poeta Altair Leal desenvolve oficinas de cordel em Pernambuco
Membro da União dos Cordelistas de Pernambuco (Unicordel), Altair trabalha a poesia como instrumento cultural e social, promovendo oficinas de cordel no Estado. Percorre escolas públicas, bibliotecas e festivais, instruindo os interessados e estimulando o gosto pelo mergulho nessa expressão, que além de métrica e rima, tem como elemento forte a oralidade.
Leal chama atenção de vários interessados e também curiosos pela literatura, em oficinas realizadas em bienais e projetos desenvolvidos em Pernambuco. Muitos, ainda sem qualquer noção sobre a arte, podem, através do seu trabalho, conhecer um pouco da história do cordel e de como construir os versos devidamente rimados e metrificados. A estudante Maria Eliza Oliveira (19) , já participou de uma de suas oficinas. “Eu realmente nunca pensei que poderia fazer um cordel. Já vi alguns recitais, mas nunca me imaginei em um.Na oficina do poeta Altair, percebi que todos nós somos capazes de construir, basta haver interesse em aprender as técnicas tanto da escrita quanto da oralidade”, comenta. Já para Pedro Henrique Passos, que também já participou, o trabalho desperta ainda mais o seu interesse. “Já esboçava alguns cordéis, mas não entendia bem a técnica. Nas aulas do Altair pude sentir o sabor de viver etapa por etapa da sua construção”, declara.
José Honório é presidente da Unicordel
Para o fundador e presidente da Unicordel, José Honório, esta literatura é uma das maiores expressões nordestinas. “Através dela, o poeta sintetiza todos os desejos, queixas, devoções, temores, valores morais, nossa história e nossos costumes. Não se pode deixar morrer esse importante meio de comunicação popular. A União dos Cordelistas de Pernambuco tem como principal objetivo, perpetuar esta arte tão importante para nossa cultura”, afirma.
O funcionário público Antônio Bernardo enxerga o cordel como um instrumento para expressar a vivência cotidiana. “É interessante porque, a partir das rimas, várias histórias do dia-a-dia podem ser construídas e isso torna o cordel mais atrativo para ser lido”, acredita. Temas como política, discussão de gêneros, meio ambiente, cultura, problemas sociais podem ser encontrados nos mais variados autores. A cada dia, cresce a inserção de jovens e intelectuais que escolhem o cordel como veículo para atingir todos os públicos com suas temáticas. Para a jornalista Fabiana Gonçalves, as ilustrações contribuem para que o interesse das pessoas por essa literatura seja aguçado. “Quem não pode comprar um livro, por exemplo, vê no cordel a possibilidade de saber sobre vários assuntos atuais além de se divertir com as típicas xilogravuras”, diz.
>continua abaixo>
Read Full Post »